MENSAGEM DE DOM FRANCISCO DE SALES ALENCAR À COMUNIDADE
CATÓLICA DE MOSSORÓ:
“À DIOCESE DE SANTA LUZIA DE MOSSORÓ Caríssimos irmãos e
irmãs. Com o coração carregado de sentimentos contrastantes ao abraçar a nova
missão que me foi confiada pelo Santo Padre, transferindo-me da Diocese de
Cajazeiras para Diocese de Santa Luzia de Mossoró, coloco mais uma vez a minha
vida nas mãos de Deus ao acolher este novo chamado.
Primeiramente, agradeço ao Senhor por Ele me ter concedido a
graça do aprendizado da missão episcopal na Igreja particular de Cajazeiras, à
qual sou e serei imensamente devedor. Se algo de mim aqui deixarei, não obstante
as minhas fragilidades, como fruto de minha presença e serviço nesta Igreja
local, muito mais levarei comigo em experiência, fidelidade provada,
amadurecimento na fé e consciência da missão que o Senhor me confiou. Estes
frutos, aqui saboreados sob o olhar da Mãe da Piedade, fazem-me viver a minha
vocação em atitude de serena disponibilidade e prontidão e me permitem
declarar, sem reservas, o meu entranhável amor pela Igreja, de quem sou filho e
servidor.
Com afeto paterno e pastoral, dirijo-me neste dia ao santo
povo de Deus da Diocese de Santa Luzia de Mossoró que, a partir deste momento,
acolho no meu coração como a nova porção eleita da Igreja confiada aos meus
cuidados pastorais. Com sentimentos de viva caridade, gostaria de abraçar o meu
predecessor, Dom Mariano Manzana, como também cada sacerdote, diácono,
religioso ou religiosa, seminarista; os cristãos leigos e leigas que se doam na
missão evangelizadora; todo fiel batizado que, na simplicidade, busca viver e
testemunhar a sua fé; cada instituição da diocese na pessoa de seus gestores e
colaboradores; os pobres aos quais pertencem, por bem-aventurança, o Reino; por
fim, cada pessoa que busca o Senhor de coração sincero e aqueles que necessitam
ser alcançados pela luz redentora de Cristo Jesus
Insiro-me doravante como instrumento, pastor e servidor,
nesta grande sinfonia eclesial que é diversa em seus acordes e movimentos,
porém cadenciada pelas notas da comunhão, da complementariedade e da unidade,
através das quais se manifesta a harmonia e a sinergia do Corpo de Cristo, no
mistério de sua beleza única, que pode ser contemplada, tocada e experimentada,
de forma singular e plena, na Diocese onde habitamos, vivemos a nossa fé e
servimos na missão evangelizadora.
A Diocese de Santa Luzia, com a sua geografia humana,
cultural, espiritual e pastoral é o lugar que Deus designou para que juntos
continuemos a viver a experiência da “Igreja encarnada num espaço concreto,
dotada de todos os meios de salvação dados por Cristo, mas com um rosto local”
(EG 30). Consciente desta verdade, aproximo-me de vocês, meus caríssimos
diocesanos, com os pés descalços, como um peregrino sedento de conhecimento e
marcado pelo desejo sincero de encontrar-lhes, para caminharmos juntos. Desejo
estar doravante no meio de vocês “como aquele que serve” (Lc 22, 27),
disponível, mais uma vez, e com renovado vigor, a doarme por inteiro ao Senhor
e à missão que me foi confiada.
Por isso, com profundo respeito e agradecimento acolho a
história da Igreja particular de Mossoró e nela me insiro, como um discípulo,
um aprendiz em busca, disponível à escuta, ao diálogo, à proximidade com as
pessoas, com profunda reverência à memória e ao testemunho daqueles que
chegaram antes de mim e consumiram suas vidas, dedicando tempo e paixão à proclamação
do Evangelho e à edificação da Igreja.
Tenho a convicção de que todos nós somos instrumentos,
colaboradores e continuadores de uma obra que não é nossa e que tem o Espírito
Santo como seu protagonista. Esta certeza me faz seguro de não estar sozinho na
missão que agora abraço, pois os vínculos que nos unem, em razão de nossa comum
vocação de batizados e de nossa pertença a um único Corpo, colocam-nos todos,
de mãos dadas e em caminho, ativos na construção da comunidade eclesial, a
partir do dom que cada um recebeu.
Neste tempo no qual somos estimulados a redescobrir a
sinodalidade como nota constitutiva da natureza da Igreja, forma e dinamismo de
sua presença e missão, insiro-me neste caminho, e com ele comprometido,
coloco-me junto à Porção do povo de Deus a mim confiada, para viver a
fraternidade evangélica na caridade pastoral, como primeiro servidor da
comunhão, consciente de que a Igreja particular é o lugar mais próximo onde a
sinodalidade pode ser exercitada como compromisso de todos. Um compromisso que
requer atividade, que pressupõe o esforço e o trabalho da vontade, que exige
capacidade de sinergia e a sintonia do desejo, para que a sinodalidade não seja
uma ideia, mas realidade efetiva e atual na vida de nossa Igreja.
Este caminho de conversão pastoral, nós percorremos juntos,
tendo como referencial o Concílio Vaticano II, que continua a ser “uma bússola
que permite que a nave da Igreja navegue em mar aberto, em meio a tempestades
ou na calma, com a certeza de chegar à meta" (Bento XVI). Peço, pois, a
oração de todos para que a minha presença entre vocês, como princípio de
comunhão e de unidade (cf. LG, 23), seja construída e vivida na simplicidade e
na caridade, que não me faltem a compaixão e a compreensão, a firmeza e a
confiança no Senhor, a luz da sabedoria e a força para servir como discípulo e
pastor. Que o sal tão fecundo nesta terra, e a luz do sol que nela brilha tão
intensa, sejam para nós apelo e inspiração no caminho da fidelidade ao
Evangelho que juntos iremos percorrer pelo tempo que Deus nos conceder.
Confio esta nova estação da minha missão pastoral à proteção
da Virgem Mãe da Igreja e à intercessão de Santa Luzia, pedindo ao Senhor que
“nos dê a todos a graça da luz”, para caminharmos juntos como filhos e filhas
da luz, fiéis em nossa missão, ao encontro da Luz sem ocaso, Jesus Cristo,
Senhor nosso! Que Ele nos abençoe neste nosso caminhar, faça-nos contemplar o
seu rosto e nos conceda a sua paz.
Dom Francisco de Sales Alencar Batista, O. Carm.
Bispo Eleito de Mossoró.”
FONTE – LINDOMARCOS FAUSTINO